28 abril 2015

Uma semente do Conexão Leitura na África


Em vias de viajar pela quarta vez a São Tomé, na África, por conta do projeto de tese, em andamento, que trata da ressignificação de espaços físicos de suas pré-escolas, parti com a proposta de oportunizar às crianças uma convivência com livros no cotidiano escolar, para que pudessem ter novas experiências e partilhar práticas de leitura. Assim, conheci a biblioteca comunitária Atelier das Palavras, da Associação Meninas e Mulheres do Morro,  da Mangueira, no início de 2015, a convite de Luzia De Seta, do Polo Conexão Leitura. Verifiquei as condições oferecidas para que crianças e jovens convivessem com a literatura, arte e cultura. Fui recebida por uma equipe motivada e em pleno exercício de sua solidariedade, como prática educativa. Conheci a metodologia e as atividades habituais que fazem daquele espaço mais que um centro de informação e pesquisa, com uma forma de atuação muito mais ligada à ação cultural – sem perda dos serviços de organização e tratamento das informações - permitindo que crianças e jovens da comunidade tenham a oportunidade de transformar suas capacidades individuais em habilidades socialmente construtivas. Creio que tudo isso se fez possível também devido a articulação da coordenação do espaço, as ações e parcerias empreendidas com a iniciativa privada, os órgãos do governo e a sociedade civil. Na ocasião tive uma longa conversa com os coordenadores da biblioteca e na despedida saí com uma doação de gibis, livros, além de ótimas sugestões para a disposição do espaço de leitura que viria a nascer em São Tomé. Já em São Tomé, expus ao gestor da escola que as crianças,no processo de se constituírem leitores, necessitam de ter um real contato com livros, de manuseá-los, sejam eles com muito ou pouco texto,somente ilustrados, literários, informativos ou até mesmo livros-brinquedos. 


Afinal, poucas são as crianças que têm essa convivência com os livros assegurada na sua vida familiar e muitas dependem da escola para ter esse acesso garantido. Escolhemos um lugar ideal para o espaço de leitura, onde instalamos as prateleiras numa altura acessível às crianças. Alguns exemplares foram arrumados em mesas mais baixas e em caixas para que as crianças menores também pudessem ter contato com livros e suas imagens. Diante daquela mudança na rotina escolar, muitas crianças já passavam e paravam para olhar, algumas se ofereciam para ajudar, outras ficavam encantadas diante das pilhas de gibis, livros e letras de madeira espalhadas no espaço. Quando terminamos a montagem, um grupo de crianças teve a oportunidade de estrear o espaço para ler e brincar; outras se sentaram nas almofadas, leram e trocaram de livros com os colegas. Saí confiante de que a ação proposta pode ser mote para encaminhar uma leitura que permita àquelas crianças estimular uma visão, se aproximando da ideia de Walter Benjamin, filósofo alemão (2011), quando diz que ao elaborarem histórias as crianças são cenógrafos que não se deixam censurar pelo sentido. Suas descobertas serão feitas quando elas tiverem mais tempo de usufruírem o espaço de leitura e, em certa medida, adquirido a autonomia necessária para construírem suas trajetórias como leitores. Meu agradecimento à Kely Louzada, Beethoven Lima e Luzia De Seta. 



Texto de Eliane Jordy, Doutoranda e Pesquisadora do Laboratório Interdisciplinar de Design/Educação (LIDE), do Programa de Pós-Graduação em Design, do Departamento de Artes & Design da PUC-Rio, narrando a sua participação na construção de um espaço de leitura em São Tomé. 







 Mariana Rute Leal , do Education Specialist.
Staff Association Chair person,
 UNICEF São Tomé recebendo as doações do Polo


Eliane entregando os livros e gibis do Polo para  Vayrsa Trindade,
 do Ministério da Educação de São Tomé e Príncipe 
        Eliane Jordy (de cinza) entregando as doações
        de livros e gibis do Conexão Leitura para  Ana Luzia Zink,
        do Ministério da Educação de São Tomé e Príncipe,




 Helder Pontes, Gestor da escola Jardim Primeiro de Maio, 
onde foi criado o espaço de leitura
com as doações do Polo Conexão Leitura 

Atividade literária encanta crianças na Maré

            

Um varal cheio de histórias. Livros escolhidos por crianças da biblioteca comunitária Elias José, no Complexo da Maré, ficaram estendidos em um varal literário na parte externa da biblioteca. A proposta da atividade era atrair a atenção dos moradores, além de homenagear um leitor aniversariante da biblioteca.“As crianças ficaram tão envolvidas com a atividade, que nada tirava a concentração delas com o livro, nem mesmo o barulho da rua, a movimentação dos carros e das pessoas. Quando existe um desejo e envolvimento com o livro, nos silenciamos na leitura e nem percebemos o tempo passar”, disse Marilene Nunes, coordenadora da biblioteca.







Texto: Mônica Macabú
Assessora de Comunicação
E-mail: comunicacao.leitura@gmail.com
Colaboração: Marilene Nunes, Coordenadora da Biblioteca Elias José










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