25 janeiro 2016
22 janeiro 2016
O trabalho diário de emprestar livros literários...
Hoje na Biblioteca Comunitária Wagner Vinício vivenciamos uma
situação interessante e um ganho para nós profissionais que estamos há bastante
tempo, engajados no trabalho de democratização da leitura literária.
Uma menina adentrou a Biblioteca com chinelos de dedos
trocados, guarda chuva com apenas uma das partes, com uma sacola de mercado
local e dentro alguns livros e um sorriso de ponta a ponta no rosto que até
esquecemos que hoje o sol não sorriu pra nós.
Estes livros fazem parte do acervo da Biblioteca e essa menina é Bárbara
de apenas 5 anos, e pela primeira vez teve a oportunidade de levar para casa um
livro, que fugisse do modelo de gibis.
O trabalho de empréstimo de livros acontece com crianças que possuem a idade de
Barbara. Há um “preparo” para que elas possam levar livros para casa:
Inicialmente disponibilizamos os gibis, essa literatura de massa que na maioria
das vezes é o primeiro acesso ao universo de livros para muitas crianças, Por
que primeiro os gibis ? Porque é um material de fácil aquisição e pouco custo e
acima de tudo é um estilo de leitura que provavelmente os pais dessas crianças
tiveram acesso quando crianças e tem alguma familiaridade para lerem juntos.
Claro que neste processo de empréstimo, muitos gibis não voltam, alguns voltam
sem suas capas. Neste período as crianças voltam sempre , algumas sem jeito de falar o
terrível acontecido com os gibis.. rs! Porém é neste período que o mediador de
leitura, que atua no espaço, transita entre o acervo e mantém o contato direto
com as crianças realizando um trabalho
de interação entre o objeto e o leitor. Há um trabalho de aproximação do leitor
com as narrativas, prosas, poesias e materialidade do livro. É realizado um
trabalho de tatear o livro, sentir o cheiro desse objeto, textura e a leitura
desses signos que vão transitar de maneiras diferentes na vida de cada um
deles. Depois de todo esse processo de
construção, de sentido entre leitor e livro,
o leitor começa a caminhar mais livre no universo dos livros e narrativas,
se torna mais autônomo. Se legitima leitor,
como Bárbara que disse: “ Eu sou da Biblioteca” , alguém arrisca a dizer
que não ? Quando essa menina vem na
chuva, abraçada com seu livro para devolver numa alegria que só ela pode
descrever, com certeza algum sentido esse espaço Biblioteca e os livros já
estão fazendo na vida dela. É esse o objetivo dentro das comunidades: que os
livros e o equipamento cultural Biblioteca, espaço de democratização social e
conhecimento e reflexão façam sentido na
vida de todos esses indivíduos, para que eles possam estar cada vez mais
envolvidos no âmbito da leitura.
Isso garante que sejam leitores plenos quando
adultos? Não podemos afirmar, porém o acesso a cultura escrita está sendo
assegurado.
Carlos Alberto M Honorato - mediador de leitura da Biblioteca Comunitária Wagner Vinicio
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